Você Pediu!
Quem faz uma cova, nela cairá. Provérbios 26:27, NVI.
Era tempo de férias e de reunião familiar. Parentes de vários lugares se haviam reunido para um encontro jamaicano em Miami. Aromas flutuando a partir da cozinha eram a garantia de deliciosos pratos.
Na hora do almoço, todos, desinibidamente, devoraram os primorosos comestíveis jamaicanos. Todavia, a maioria das pessoas passava adiante o pão de aipim, exclamando: “Está duro demais – assou muito, ou coisa parecida.” Mas isso não me deteve. Lembrei-me daqueles que minha mãe preparava. Como eram bons! Estendi a mão, peguei uma pequena fatia e experimentei um exemplo prático de algo quebrável entrando em contato com algo inflexível. De repente, meus molares superiores e inferiores rangeram juntos sobre algo duro.
Todo o entusiasmo das glândulas salivares foi insuficiente para amaciar o bocado de modo apropriado e permitir que os molares moessem aquele pão com sucesso. Decidida, insisti com eles, moendo e testando até que – ai! – alguma coisa rachou. Minha língua localizou algo parecido com cascalho, um pequeno fragmento, depois vários, soltos e irregulares. Outros pequeninos fragmentos me fizeram entender que eram todos de um dos meus molares.
A pressão havia tocado não só um nervo físico, mas, ainda pior, um nervo “de culpa”, e meus gemidos não melhoraram a situação. Fiquei embaraçada. Olhares acusadores, solidários mas expressando reprovação, se lançaram sobre mim, e disparos verbais voaram na minha direção. “Você pediu!” “Você sabia que o pão estava duro demais!” “Você fez questão de provar!”
A dor física não era nada em comparação com a incerteza e a angústia mental que suportei antes da ida ao dentista. Ele recomendou uma cirurgia para extrair os fragmentos de dente ainda enraizados na mandíbula. A dor acabou cedendo.
Eu poderia ter evitado a vergonha, a dor, o sofrimento e o incômodo. Entendi claramente os avisos dos meus irmãos: “É melhor deixar algumas coisas de lado!”
Agora sigo o conselho de Salomão: “O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as conseqüências” (Provérbios 27:12, NVI).
Quilvie G. Mills