Sombras
Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Hebreus 10:23.
Era uma manhã sombria quando partimos para Battle Creek. Tomamos as estradas vicinais para evitar os caminhos mais movimentados, e nos encontramos numa estradinha de interior nos arredores de Mason, Michigan. Já fazia tempo que as cores de um belo outono haviam esmaecido das árvores, e elas se mostravam cinzentas e frias de cada lado do carro. O cenário combinava com nosso estado de espírito. Meu esposo e eu tínhamos ouvido o veredicto do médico, o qual lançaria uma sombra sobre o resto da nossa vida.
Bill tinha menos de cinco anos de vida – sofria do mal de Hodgkin. A cirurgia de cinco horas e meia devido ao nódulo no seu pescoço confirmara o fato. O médico o aconselhou a colocar os negócios em ordem. Ele tinha apenas 37 anos de idade, estava começando seu próprio negócio, seu sonho para o futuro. Viajamos em silêncio naquela manhã, lutando com os pensamentos, tentando assimilar a profundidade das palavras do médico. O mal de Hodgkin é fatal, e nada havia que pudesse ser feito, exceto orar pela cura.
Em meio à tristeza daquela manhã chuvosa, passamos por um local alegre – uma escolinha rural pintada de rosa, com uma cerquinha branca de madeira e uma caixa de correspondência com a inscrição “Escola Pink”. Quem teria ousado pintar uma escolinha daquela cor? Teria de ser alguém que amava crianças, com um coração cheio de amor, alguém que se importava de revestir de cor aquela “casa fora de casa”. As crianças são muito influenciáveis. Uma professora assim não conseguiria deixar de incutir amor nos coraçõezinhos reunidos em volta dela. A escolinha cor-de-rosa era símbolo de amor, inspiração e promessa.
Aquilo ajudou Bill e a mim a enfrentar nosso amanhã, quando tudo parecia perdido, fora de foco e difícil de assimilar. Talvez tenha sido a corrente de eventos que nos conduziu ao momento da escolinha rosa; talvez tenha sido o lampejo da única cor viva naquela estrada de interior, numa atmosfera tão lúgubre, que mudou o rumo do nosso pensamento. Agora podíamos encarar qualquer coisa que aparecesse na estrada e depois da curva.
Nem sempre Deus promete um futuro brilhante. Passaremos por vales e picos de montanha ao longo da vida. Mas Ele promete, sim, Sua constante presença até que ultrapassemos as sombras e os sofrimentos. Talvez Sua presença se manifeste até numa escolinha cor-de-rosa.
Laurie Dixon-McClanahan